quarta-feira, 26 de novembro de 2008

MULHER FANTASIA

(gravura: Neli Vieira)
Vejo-te assim, pequenina
Sentada neste banco de pedra
Qual uma santa
Da minha adoração.

Nunca adorei santo algum
Porém hoje, neste deserto
Por certo te adoraria
E de joelhos me prostraria
Como o mais fanático dos fiéis
A teus pés, assim contrito
A fim de inebriar-me
Do néctar que emana dos teus
Cabelos
Das tuas carnes morenas,
Do teu ventre esguio
Dos teus seios
Pequeninos, palpitantes
Como dois filhotes de passarinho

Vejo que não passas de uma miragem
Que alucina a minha visão
Neste imenso deserto
Cheio de areias escaldantes
Que me resseca a garganta,
Me turva a visão e nos meus delírios
Ouço os clarins tocando
Acompanhando a tua voz mansa
De mulher bonita
Serás uma Beatriz moderna
Na visão de um maluco Dante
Tropical?...

Oh!... Mulher divina, ajuda-me
A atravessar este deserto imenso
Cheio de chacais e escorpiões
Que aferrotoam os meus pés cansados.

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